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IGREJA
NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
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A
pedra fundamental da Igreja
do Rosário foi
colocada em 3 de outubro de 1817 pelo
Vigário Geral Antônio Vieira da Soledade,
tendo a Irmandade saído
processionalmente da igreja matriz para o local da
nova capela. As obras
foram iniciadas em 20 de outubro do
mesmo ano
e interrompidas
diversas vezes por falta de fundos.
A alma da construção foi
Francisco José
Furtado, conhecido como
Chico Cambuta, açoriano da Ilha do Fayal, que
se sacrificou pela Irmandade.
Com a grande
colaboração recebida de
pretos e brancos,
em esmolas, materiais
e dias
de trabalho, a capela
pode ser inaugurada dez anos
depois de
iniciada a construção. A
Irmandade dispendeu na construção a quantia
de 11:697$250 Rs. |
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Para
sua inauguração, em dezembro de 1827, houve diversas solenidades.
Na manhã de 25 de dezembro, com missa cantada e exposição do
Santíssimo, a Irmandade promoveu o último ato religioso na antiga
matriz da Madre de Deus, despedindo-se desse templo onde nascera e
abrigara vários decênios. De tarde, em solene procissão, realizou
a transladação das imagens para a nova igreja. No dia seguinte, 26
de dezembro, realizou a festa de N. Sra. do Rosário em seu novo
templo, e no dia 27 a festa de São Benedito. O mestre-capela da
igreja matriz, o mulato Ignacio José Filgueira, dirigiu a música
nas festividades.
Na
Igreja do Rosário nunca houve sepultamentos. As Constituições do
Arcebispado da Bahia, de 1707, adotadas em todo o Brasil até fins
do século retrasado, recomendavam os enterros dentro das igrejas,
nos seus adros e em cemitérios bentos. Devido aos inconvenientes
facilmente imagináveis, começou por volta de 1800 a conscientização
para que os mortos fossem enterrados fora das igrejas, e a partir de
1850 foram completamente proibidos dentro dos templos.
Com
o crescente aumento da população de Porto Alegre, surgiu a
necessidade de mais freguesias ou paróquias. Percorridos os trâmites
foi, por Decreto Regional de 24 de outubro de 1832, criada a paróquia
de Nossa Senhora do Rosário. Mas, ainda foi necessário percorrer
um longo caminho até a instalação da paróquia. Apesar de já ter
sido publicado em 1833 o Edital para a provisão da Igreja Nossa
Senhora do Rosário, a Igreja só foi instalada em 1844.
O
primeiro pároco do Rosário, Pe. Inácio Soares Viana, natural de
Porto Alegre, tomou posse em 06 de outubro de 1844 e faleceu em 21
de julho de 1848, com 59 anos de idade.
Sucedeu-lhe
o vigário José Inácio de Carvalho e Freitas, também natural de
Porto Alegre, que dirigiu a paróquia 29 anos, vindo a falecer em 1º
de julho de 1877, com 68 anos de idade. Foi época de muita expansão,
de muita atividade, mas também de muitas lutas religiosas em todo o
Brasil. No decorrer desses anos Porto Alegre se tornou sede de
Bispado e tomaram posse os dois primeiros bispos, Dom Feliciano José
Rodrigues Prates (1853) e Dom Sebastião Dias Larangeira (1861).
Das
três paróquias de Porto Alegre, a do Rosário foi a mais extensa e
mais populosa. Basta dizer que no ano de 1870 na paróquia das Dores
houve 163 batizados, na da catedral 66, e na do Rosário 377;
portanto mais do que a soma dos realizados nas duas primeiras.
Durante
o paroquiato do vigário José Inácio foram construídas no território
da sua paróquia as seguintes capelas: Carmo, Menino Deus, Conceição,
Bom Fim, São João, Navegantes, Santo Antônio do Partenon e São
José do Partenon.
Não
só a população de origem africana e portuguesa, mas também a
germânica têm tradições na Igreja do Rosário. Alemães católicos,
residentes em Porto Alegre, assistiam a missa do vigário José Inácio.
Pelo ano de 1865 fundaram um coral misto, que cantava na mesma
igreja depois da missa dominical. Pouco depois um sacerdote jesuíta
encarregou-se de rezar missa para os alemães e falar-lhes em sua língua.
Em 17 de dezembro de 1871 desligaram-se da Igreja do Rosário e
fundaram a Capela de São José, que inicialmente se encontrava na
Rua do Bragança, atual Marechal Floriano, e desde 1913 está na
Avenida Alberto Bins.
O
vigário José Inácio está enterrado no cemitério da Santa Casa,
e sobre seu túmulo foi erguido belíssimo monumento, inaugurado no
primeiro aniversário de seu falecimento.
Foram
ainda párocos da Igreja do Rosário: Pe. Hildebrando de Freitas
Pedroso, Côn. Vicente Sebastião
Wolffenbuettel, Côn. José Joaquim da Purificação
Teixeira, Côn. Diogo Saturnino da Silva Larangeira, Pe. Costabile
Hippolyto, Mons. Luiz Mariano da Rocha, Côn. Manoel Reis da Costa
Neves, Monsenhor Roberto
Landell de Moura,
Côn. José Baréa, Côn. Cleto Benvegnú, Mons. André Pedro Frank,
Mons. José De Nadal, Pe. Edmundo Luis Kunz, Pe. Afonso Scchmidt,
Pe. Cândido Lorensi, Mons. Edmundo Mueller, entre outros.
Um
fato que desagradou a muitos e provocou grandes debates é o da
demolição da velha igreja, sob a alegação de que a igreja se
tornara pequena e ameaçava desabar.
Em
13 de maio de 1942 o arcebispo metropolitano, acompanhado de
numeroso clero, associações religiosas e grande número de povo,
benzeu solenemente a pedra fundamental da nova igreja, sendo
paraninfo o Presidente da República, representado no ato.
Transcorria nessa data o 25º aniversário da sagração episcopal
do Papa Pio XII e da primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima.
Em
outubro de 1950 realizou-se a última novena e festa de Nossa
Senhora do Rosário na velha matriz. No dia 10 de dezembro do mesmo
ano, depois da missa de despedida celebrada pelo Vigário-Geral,
Mons. André Pedro Frank, a imagem da padroeira foi descida do altar
e conduzida pela massa popular para a matriz provisória, o novo salão
paroquial que já estava construído. Em janeiro de 1951 iniciou a
demolição da antiga igreja.
O
novo templo foi inaugurado solenemente em 7 de outubro de 1956,
festa de Nossa Senhora do Rosário.
No
teto encontra-se bela pintura, representando a glorificação do rosário,
de autoria do afamado pintor alemão Lorenz Heilmaier, da Academia
de Belas Artes de Munich, que também é o autor dos vitrais e do
painel que enfeita o frontal. Este painel representa o Rio Grande
antigo: N. Sra. do Rosário faz entrega de um terço a escravos que
se encontram de um lado, aparecendo do outro lado indígenas e
moradores portugueses devotos da Senhora do Rosário. Heilmaier
retocou também em 1956 a imagem de Nossa Senhora do Rosário,
descobrindo nela as cores originais.
O
escultor Caringi, autor do admirável monumento do imigrante em
Caxias do Sul, entrou certo dia na igreja e durante mais de hora,
sentado num banco, ficou observando e admirando a pintura do teto.
Depois, fez questão de ir até a sacristia, felicitou o pároco e
afirmou que a pintura poderia figurar com honra em qualquer catedral
famosa da Europa.
No
átrio, na entrada da Igreja, existe uma placa de bronze com os
seguintes dizeres:
“Nesta
paróquia, de 1915 a 1928,
exerceu
suas funções pastorais o
PADRE
ROBERTO LANDELL DE MOURA,
cientista
emérito, precursor da telecomunicação.
Homenagem
da Fundação Educacional Padre Landell de Moura - FEPLAM
Dezembro/1982”.
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