Archymedes Fortini, na sua crônica semanal “Revivendo o Passado”, publicada pelo jornal “Correio do Povo”, de Porto Alegre-RS, em 04 de dezembro de 1955, conta-nos o seguinte:
“Com o aparecimento de discos voadores, muito se tem escrito sobre os prováveis habitantes de Marte. Devido à gentileza do Sr. J.J.Leite de Almeida, que tem uma coleção da revista “Ciência Popular”, de fevereiro de 1950, nela encontramos a seguinte pergunta feita por um leitor residente no Paraná: “Haverá vida em Marte?…” “Na resposta dada pela citada revista vem a baila o nome de Monsenhor Landell de Moura, o inventor da radiotelegrafia e cientista emérito, natural deste Estado. Eis o que publica: “Quanto aos sinais radioelétricos, vamos recuar até 13 de novembro de 1924, quando um repórter da “Última Hora”, antigo diário de Porto Alegre-RS, foi procurar o grande sábio patrício Roberto Landell de Moura, justamente para lhe perguntar, entre outras coisas, se Marte era habitado, e se os sinais que Marconi dissera haver recebido de lá tinham tido tal procedência. Eis o que a respeito explicou o santo sacerdote: “Marte, a meu ver, não é habitado. Se fora já teríamos tido sinais disso há muito tempo. Os sinais recebidos por Marconi não passam de fenômenos cósmicos, periódicos.
Eu tinha também um aparelho que também recebia sinais, em certas épocas do ano, e em determinadas horas, e que denominei “música astral” pelo ruído sonoro com que os mesmos se manifestavam. Suponho que tudo isso não passa de fenômenos eletromagnéticos produzidos pelas correntes de indução.” Depois de transcrever as palavras acima, do saudoso Monsenhor Landell de Moura, a “Ciência Popular” diz que “de então para cá, os cientistas não pensam de modo contrário acerca da música astral e dos fenômenos luminosos que ocorrem no céu.”
O INVENTO DO SÁBIO MONSENHOR LANDELL DE MOURA
Em números de 1949 e de 1950 a revista “Ciência Popular” publicou uma esplêndida monografia do escritor patrício Ernani Fornari, acerca do sábio patrício Monsenhor Roberto Landell de Moura, cujo nome um dia será registrado em lugar merecido, entre os grandes pioneiros do campo da eletrônica.
Publica ela devidamente traduzida o que se escreveu nos Estados Unidos, quando Monsenhor Landell de Moura deu a conhecer seu invento. É uma documentação que faz fechar a boca daqueles quando achavam que o sacerdote rio-grandense talvez fosse mesmo um louco e os seus projetos não passassem de meras fantasias. As experiências do Padre Landell de Moura, antes do conhecimento do invento de Marconi, no alto de Sant’Ana, em São Paulo, não foram sigilosas, pelo contrário, chegaram a contar com a presença do cônsul britânico, e corresponderam tão maravilhosamente que daí por diante o genial inventor passou a ser considerado parceiro do “diabo”. Relembra ainda a revista “Ciência Popular” o que escreveu a “Science and Invention”, dos Estados Unidos, em agosto de 1934, sobre o extraordinário sucesso que obteve na Exposição de Chicago a apresentação de uma aparelhagem (Monsenhor Landell de Moura) que permitia a transmissão de música e da voz através de um feixe de luz.
Conclui a revista depois de várias considerações de ordem científica: “É de lamentar que uma parte da elite brasileira não tenha a mínima ideia acerca da possibilidade de um feixe de luz carregar as vibrações sonoras e muito menos conhecer de nome o sábio rio-grandense que falava no fim do século passado, a mesma linguagem dos sábios de hoje. E também para mostrar que, há muitos anos, uma das invenções do Padre Roberto Landell de Moura, serviu para notáveis experiências de caráter público, em Nova York e em Chicago, e chegou a preocupar a grande número de radioamadores estadunidenses que construíram pequenos modelos para estudo e divertimento pelos planos da “Science and Invention”.
Obs.: Informo que possuo a coleção da revista “Ciência Popular”, referente aos anos de 1949 e 1950, citadas no texto.
Colaboração: IVAN DORNELES RODRIGUES – PY3IDR (SK)
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