DOM LUIZ FELIPE DE NADAL – PY3ATR
Natural de Guaporé-RS, Linha 4a. Série, na época distrito de Muçum, hoje Linha Dom Luiz Felipe, nasceu no dia 1º de maio de 1916, filho de Francisco De Nadal e Tereza Dendena De Nadal, era o primogênito dos 13 irmãos. Entrou no Seminário de São Leopoldo, em 1927, com 11 anos de idade, onde fez seus estudos de humanidade, filosofia e teologia.
Foi ordenado sacerdote no dia 22 de outubro de 1939, pelo então Arcebispo de Porto Alegre, Dom João Becker e nomeado bispo dezesseis anos depois. Sua ordenação episcopal aconteceu no dia 29 de junho de 1955, escolhendo o lema: “Oboediens In Laetitia”. Foi sagrante Dom Vicente Scherer, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre e como bispos co-sagrantes, Dom Cláudio Colling, Bispo de Passo Fundo e Dom Antônio Zattera, Bispo de Pelotas. Foram paraninfos o Sr. Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, Secretário de Estado de Educação e Cultura e o Sr. Luiz Polônia, cunhado do sagrando. Tomou posse na Diocese de Uruguaiana-RS no dia 15 de agosto do mesmo ano, da qual foi o 3º Bispo. A solenidade da posse canônica de Dom Luiz Felipe De Nadal foi realizada pelo Sr. Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre Dom Vicente Scherer, na Catedral de Uruguaiana.
Faleceu com 47 anos de idade, 23 de sacerdócio e 8 de episcopado, em 1º de julho de 1963, num acidente aéreo, quando o DC 3 da VARIG, prefixo PP-VBV, caiu no 1º Distrito de São João da Bela Vista, a 7,5 km de Passo Fundo-RS, por volta das 18:10 horas. Até cerca da meia-noite o corpo de Dom Luiz foi velado na Catedral Diocesana de Passo Fundo e transportado depois, via terrestre, para Uruguaiana, onde chegou pelas 18 horas de 2 de julho, passando a ser velado em sua própria catedral. No dia 3, de manhã, as solenidades de sepultamento tiveram a assistência de todos os senhores bispos do Rio Grande do Sul, com exceção do senhor bispo de Frederico Westphalen, impossibilitado de comparecer. A missa exequial, rezada pelo Arcebispo Metropolitano, bem como a solene encomendação, realizou-se em altar armado na frente da catedral, para onde também fôra levado o corpo.
O rádio era sua grande paixão. Foi radioamador ativo e, em Porto Alegre, ainda padre, criou e dirigiu vários programas na Rádio Difusora, como “Tio Valeriano”, programa infantil, “Noturno da Fé”, “Hora do Angelus” e “A Hora Católica” que informava tudo sobre a Igreja. Em Uruguaiana fundou a Rádio São Miguel, emissora da Diocese. Transmitiu diretamente do Vaticano as cerimônias de coroação do Papa João XXIII, fato inédito para a época. Grande incentivador dos meios de comunicação social, também fundou a Sociedade Magistério no Ar – Somar, programa pioneiro de alfabetização de adultos.
Dom Luiz Felipe De Nadal concluiu o Seminário Diocesano Sagrado Coração de Jesus e criou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Uruguaiana-RS. A seu pedido, o Papa Pio XII declarou Nossa Senhora Conquistadora padroeira da Diocese de Uruguaiana, ao lado de São Miguel Arcanjo. Teve ainda grande preocupação pelas famílias e pela integração da evangelização com a cultura do povo.
Era poeta tradicionalista, autor de várias poesias e orações com termos gauchescos, membro do Movimento Tradicionalista Gaúcho e da Estância da Poesia Crioula, que é a Academia de Letras dos vates e prosadores nativistas gaúchos. Foi o autor da Oração a São Gabriel, Padroeiro das Telecomunicações: “Glorioso Mensageiro São Gabriel, padroeiro dos radioamadores, enquanto aquecem os filamentos, saúdo-te reverente modulando para ti meu primeiro QSO. Abençoa meu “chaque”, com toda a “tripulação”. Inspira-me ao microfone, a fim de que meu DX e QSO sejam proveitosos e sirvam, para, em espírito de fraternidade cristã, aproximar os homens. Defende-me em meio aos “estáticos” da vida, para que não enfraqueçam meus esforços e jamais entre em QRT no caminho do Bem. Ampara meus “torpedos”, para que recebam do Céu boa acolhida e pronta constatação. Faço o propósito de tratar aos outros assim como desejo ser tratado. Agradecido e em QRV para a Divina Providência. Amém.”
Também é de sua autoria a Prece do Gaúcho: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e com licença, Patrão Celestial. Vou chegando, porque, enquanto cevo o amargo das minhas confidências, ao romper da madrugada e ao descambar do sol, preciso camperear por outras invernadas e repontar do céu a força e a coragem para o entrevero do dia que passa. Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca, rebenque e espora, não se afirma nos arreios da vida, senão se estriba na proteção do céu. Ouve, Patrão Celeste, a oração que te faço, ao romper da madrugada e ao descambar do sol. Tomara que todo o mundo seja irmão! Ajuda-me a perdoar as afrontas e a não fazer aos outros o que não quero pra mim. Perdoa-me, Senhor, porque, rengueando pelas canhadas da fraqueza humana, de quando em vez, quase sem querer, eu me solto porteira-fora… êta, potrilho chucro, renegado e caborteiro… Mas eu te garanto, meu Senhor, quero ser bom e direito. Ajuda-me, Virgem Maria, primeira prenda do céu. Socorre-me, São Pedro, capataz da estância gaúcha. Pra fim de conversa, vou Te dizer, meu Deus, mas somente pra ti: que tua vontade leve a minha de cabresto pra todo sempre e até a querência do céu. Amém.”
Na cidade de Passo Fundo, numa iniciativa do tradicionalista Catarino Azevedo, em 07 de fevereiro de 1971, foi fundado o CTG “Dom Luiz Felipe De Nadal”. A justificativa do nome do Patrono do CTG estava no fato de ter sido ele o primeiro prelado a viver ativamente junto aos tradicionalistas, criando a “Missa Crioula” e a “Prece do Gaúcho”.
Seus restos mortais estão sepultados na cripta da Catedral de Uruguaiana-RS.
Colaboração: IVAN DORNELES RODRIGUES – PY3IDR
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