Um santo é sempre um dom de Deus para a Igreja e para a humanidade. Maximiliano Maria Kolbe é de um modo particularmente eloquente, pelas circunstâncias trágicas de seu martírio.
Raymond Kolbe, filho de Júlio Kolbe e Maria Dabrowska, nasceu aos 8 de janeiro de 1894, em Zdunska Wola, perto de Lódz, na Polônia. Juntamente com dois irmãos, fazia parte de uma família operária, pobre, mas profundamente religiosa. Aos treze anos entrou no Seminário Franciscano e, emitindo sua profissão religiosa, tomou o nome de Maximiliano Maria.
Nos estudos, distinguiu-se de forma genial nas ciências e na matemática.
Para os estudos de filosofia e teologia foi enviado a Roma, onde doutorou-se nestas disciplinas com ótimas notas. Ainda clérigo estudante, manifestou seu zelo e amor a Maria, fundando o movimento de apostolado mariano “Milícia da Imaculada”. Ordenado sacerdote em 1918, voltou para sua pátria, onde foi designado para lecionar no Seminário Franciscano, em Cracóvia.
Em 1922, mesmo sem recursos financeiros, fundou uma revista mensal com o título “Cavalheiro da Imaculada”, que poucos anos depois chegava à elevada tiragem de um milhão de exemplares. A esta revista seguiram outras iniciativas editoriais: “O Pequeno Cavalheiro da Imaculada”, revista para crianças; o “Miles Immaculatae”, revista latina para sacerdotes, e um diário que chamou de “Pequeno Jornal”, com 200 mil exemplares. O apostolado da imprensa era seu carisma. Seu objetivo era conquistar o mundo inteiro a Cristo por meio de Maria Imaculada.
Em 1930, Maximiliano Maria Kolbe tomou a decisão de abrir uma missão no Japão e lá também se atirou à atividade editorial, com a fundação em Nagasaki da revista “O Cavalheiro da Imaculada”. Apesar do restrito meio católico, a revista alcançou a tiragem de 50 mil exemplares.
Sua permanência no Japão foi curta. Em 1936, os superiores exigiram sua presença na Polônia, para que tomasse a direção do grande convento franciscano de Niepakalanow, que chegou a abrigar 600 religiosos. A obediência de ter que deixar suas iniciativas apostólicas no Japão foi dura. Ele sonhava passar mais tarde para a Índia e depois pelos países árabes e fundar revistas e jornais que propagassem a devoção à Imaculada, como instrumento de penetração do Reino de Deus.
Para ver seu sonho concretizado também usou o RÁDIO, tornando-se RADIOAMADOR, recebendo o indicativo de chamada SP3RN.
Nos anos 1936-1940, início da Segunda Guerra Mundial, Maximiliano Maria Kolbe redobrou seu zelo no apostolado da imprensa, enquanto cuidava da direção do convento e da formação de 200 jovens.
Ao alvorecer de setembro de 1939, as tropas nazistas tomaram de traição a Polônia, destruindo qualquer resistência e incendiando tudo. Frei Maximiliano foi preso duas vezes. A prisão definitiva deu-se no dia 17 de fevereiro de 1941. Quando o chefe militar viu Frei Maximiliano vestido de hábito religioso, ficou furioso. Agarrou o crucifixo do frade e, puxando-o, gritou: “E tu acreditas nisso?” “Creio, sim!” Uma tremenda bofetada seguiu a resposta de Frei Kolbe. Três vezes repetiu-se a pergunta. Três vezes Maximiliano confessou sua fé. Três vezes levou bofetada.
Ao fim de maio de 1941, Frei Maximiliano foi transferido de Varsóvia para o campo de extermínio de Auschwitz, perto de Cracóvia, onde recebeu o número de prisioneiro 16.670. Era um campo de horrores. Basta dizer que lá foram mortos, depois de incríveis sofrimentos, quatro milhões de seres humanos. Os judeus e os padres eram os mais perseguidos.
Depois de três meses de sofrimentos, deu-se naquele campo a fuga de um prisioneiro. Em represália, dez prisioneiros inocentes deviam ser condenados à morte de fome. Um dos sorteados chorou: “Pobre de minha mulher, pobres de meus filhos…” Naquele instante, saiu da fila o prisioneiro nº. 16.670, pedindo ao comandante o favor de poder substituir aquele pai de família. “Quem és tu?” berrou o comandante. “Sou um padre católico”, respondeu Frei Maximiliano. “Aceito sua decisão”, disse o comandante depois de breve pausa.
O recém-condenado, Franciszeck Gajowniczek, voltou à fila, Maximiliano tomou seu lugar. Todos os dez, despidos, foram empurrados numa pequena, úmida e totalmente escura cela dos subterrâneos, para morrer de fome.
Depois de duas semanas, sobreviviam somente três com Frei Maximiliano.
Para desocupar o lugar, em 14 de agosto de 1941, foram mortos com uma injeção venenosa. Até aquele instante, Maximiliano, esquecido de si, consolava seus colegas, suavizando-lhes as penas.
Após o término da Segunda Grande Guerra, começou um movimento pela beatificação do Frei Maximiliano Maria Kolbe que ocorreu em 17 de outubro de 1971, pelo Papa Paulo VI.
Franciszeck Gajowniczek sobreviveu. No dia 10 de outubro de 1982 estava presente à solene canonização de Frei Maximiliano Maria Kolbe, pelo Papa João Paulo II, dando testemunho mais uma vez do heroísmo de seu “salvador”.
O corpo de Maximiliano foi cremado e suas cinzas atiradas ao vento. Numa carta, quase prevendo seu fim, Frei Maximiliano escrevia: “Eu queria ser reduzido a pó pela Imaculada e espalhado pelo vento no mundo!” Assim se deu! Aquelas cinzas foram levadas pelo vento do Espírito ao mundo, suscitando fecundos germes de vida e de renascimento. Verdadeiro mártir da caridade, do amor que salva e dá vida.
“Toda a vida de Maximiliano está marcada pelo encanto de duas coroas: a coroa branca da inocência e a coroa vermelha do martírio. O branco e o vermelho, cores da bandeira polonesa, símbolos da Imaculada e do Espírito Santo, da pureza e do amor, são as cores desta vida exemplar, a bandeira de uma humanidade mais autêntica e mais fraterna”, assim comenta Luciano Marini no “L’Osservatore Romano”, no dia 10 de outubro de 1982.
A memória deste santo radioamador foi incluida como obrigatória no calendário litúrgico, assim, o dia 14 de agosto passa a ser o dia de reverência a SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE.
Colaboração: Ivan Dorneles Rodrigues – PY3IDR
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