22.11.1898 – 21.09.1963
Advogado e poeta gaúcho, nasceu na cidade de São Francisco de Assis-RS, em 22 de novembro de 1898, filho de Francisco Pereira Vianna (Chico) e Maria Amélia da Rocha Vianna (Maruca), que casaram em São Francisco de Assis, em 1877 e, ao batizar o filho com o nome de Tyrteu, homenagearam, primordialmente, o poeta greco Tyrteo (VII a. C.).
Durante a sua mocidade, Tyrteu viveu em Porto Alegre, onde concluiu o curso de direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, em novembro de 1922. Nessa época, foi “colorado” entusiasta, torcia pelo Sport Club Internacional, time do seu coração.
Já bacharel, retornou a São Francisco de Assis, exercendo a advocacia.
Como poeta, é o autor do livro “Saco de Viagem”, publicado em 1928, pela Livraria do Globo de Porto Alegre. Dedicou o livro ao Dr. Heitor Guimarães, médico revolucionário e ao Dr. La Hire Guerra, Juiz de Direito em Alegrete-RS. La Hire homenageou os mortos no heróico combate de 1923, na praça central assisense. La Hire Guerra foi o 14º Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, entre 1937 e 1945.
Tyrteu era um vanguardista, o poeta mais original do Modernismo Sul-Rio-Grandense, com a sua poética da radicalidade, a mais visceralmente ligada ao credo estético da Semana de Arte Moderna de São Paulo, de 1922. Chegou a ser considerado pela crítica, como o “Oswald de Andrade” do Rio Grande do Sul. Foi o nosso modernista mais ortodoxo, revolucionário da poesia e crítico implacável.
Viveu numa época de intensa e profunda transformação sócio-política-cultural-econômica no mundo.
Tyrteu tinha 21 anos quando perdeu seu pai, Francisco Hemetério Pereira Vianna, em 1919 (03.03.1853 / 05.04.1919) Seu pai foi delegado de polícia, em 1890. Perdeu sua mãe em 1927. Com o inventário da mãe, Tyrteu herdou fabulosa fortuna. Os familiares de Tyrteu, os Rocha Vianna, foram influentes estancieiros e líderes políticos de São Francisco de Assis.
Esteve no Rio de Janeiro, estudando pintura. Percorreu a Europa. Recebia, através da Livraria do Globo, as novidades editoriais nacionais e estrangeiras.
Em 02 de outubro de 1923, Tyrteu fixou residência defronte à praça central de São Francisco de Assis-RS, na época Praça 15 de Novembro, hoje Praça Coronel Manoel Viana. Lá o poeta instalou um radio-transmissor, tornando-se o primeiro radioamador do Rio Grande do Sul, em 1925.
Tyrteu foi sócio-fundador da Associação Brasileira de Rádio Amadores – ABRA, fundada em 06 de março de 1926, na cidade do Rio de Janeiro, primeira entidade que congregou os radioamadores brasileiros.
Tyrteu, com seu rádio, teria seguido Getúlio Vargas no trem da revolução vitoriosa de 1930. Durante a Segunda Guerra teria sido convidado, por Getúlio Vargas, para traduzir mensagens em outras línguas.
Nos versos de “Só Agora Tu”, poesia do assisense (adotado) Verney Ramos, a casa defronte à praça central de São Francisco de Assis, onde Tyrteu residiu, foi carinhosamente imortalizada.
Adorava o boxe, as caçadas e os cães.
Tyrteu tinha dois buldogues que se chamavam Chico (Francisco) e Maruca (Maria Amélia), apelidos de seus pais. Falava em inglês com os cães, afinal, eram importados da Inglaterra.
Viveu das rendas de seus campos, caçando e pescando, solitário e ensimesmado. Jamais casou, ignorando-se qualquer caso amoroso sério.
Tyrteu teve vários “filhos adotivos”. Alguns foram adotados crianças, outros já adolescentes.
Vários guris assisense ganhavam balas e bolas do Doutor Tyrteu. Às vezes, a gurizada formava uma comissão para solenemente realizar o pedido de uma bola. A solicitação sempre foi deferida incontinenti.
Em 1955, Tyrteu passou a residir na cidade de Alegrete-RS.
Após ir embora de São Francisco de Assis, Tyrteu visitou várias vezes a cidade.
Venerava os cristais e os seus cães, possuindo uma seleta biblioteca e uma pinacoteca, hoje dispersas por completo. Além disso, foi um ledor voraz, excêntrico, desbordando mesmo para a anormalidade, no que se aparenta ao louco genial Qorpo-Santo. Em “Escritura pública de testamento”, lavrada, em 1957, em Uruguaiana, declarou ser “Católico Apostólico Romano”.
Em 12 de junho de 1959, Tyrteu publicou, em Alegrete-RS, nos Cadernos do Extremo Sul, o poema “Versos para um tordilho chamado Maomé”.
Em 21 de setembro de 1963, Tyrteu Rocha Vianna faleceu na cidade de Alegrete-RS.
Em 1993, o Instituto Estadual do Livro, em companhia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, lançaram a 2a. Edição do livro “Saco de Viagem”.
Colaboração: IVAN DORNELES RODRIGUES – PY3IDR
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