UMA
TEMPORADA PARA SER LEMBRADA
No
ano passado um monte de entusiastas dos 50-Mhz estavam lamentando
sua má sorte. O ciclo solar n.23 alcançava o seu pico. Este fato
parecia não favorecer muito aqueles que batalham os 6 metros! O
maior especialista em propagação nesta parte do espectro de
radiofreqüência, é sem dúvida o comentarista que assina a coluna o “Mundo Abaixo dos 50
MHz”, que se chama Emil Pacock W3EP. Em sua coluna do mês de maio
de 2001, Emil observava: “Nós já desfrutamos dos maiores benefícios
do Ciclo solar n.23 e devemos nos preparar para a diminuição da
atividade do ciclo.
Algumas
vezes as coisas ficam melhor quando nos enganamos. Agora nós
sabemos que a temporada 2001-2002 foi a mais espetacular da história
do DX em 6 metros. É possível que mais comunicados em DX tenham
sido trabalhados nesta banda, por um número maior de radioamadores
, entre o meio de
Outubro até os finais de Janeiro, do todos os DX feitos desde que
se começou a trabalhar esta banda. O ciclo solar n.23 mostrou
dois picos de atividade solar, e o segundo pico foi digno de
Sir Edmund Hillary.
Os
puristas podem argumentar que as condições dos anos passados tem
que ser melhores do que as dos últimos anos. A maior
atividade solar que se registrou foi no ciclo n.19, no inverno de
1957-1958 (inverno americano=>de novembro a janeiro). Incríveis
DX foram conseguidos naquela época, por estações que operavam com
baixa potencia em AM, com antenas muito mais baixas e menores
daquelas que temos hoje. O ciclo n.20 foi um pouco menor, mas os
dois seguintes também agitaram a ionosfera! Desse modo porque o
ciclo atual foi tão especial e uma experiência inusitada?
Quatro
fatores fizeram o segundo pico do ciclo 23 um acontecimento memorável
para os radioamadores que se dedicam a lidar com os caprichos da
propagação ionosférica. O primeiro fator, como já foi dito
antes, e que o fato foi inesperado, como um dia de sol quando todas
as previsões davam chuvas e tempo nublado. Nós sempre temos tendência
em aumentar a satisfação das boas surpresas da vida!
Um
segundo fator, que é mais importante,
é que hoje existem muito mais operadores de dois metros em
um número muito maior de paises. Esta banda começou a ser
explorada somente após a Segunda Guerra Mundial, quando a velha
faixa dos 5 metros foi substituída pelos 6 metros, para abrir espaço
para a nova atividade que se iniciava, que era a televisão. Desde
de 1946 os sinais de 50 MHz cruzavam o Atlântico no sistema de
banda cruzada, com os
europeus transmitindo em 10
metros e recebendo em 6 metros,
porque 6 metros estava reservada para canais de TV na Europa.
Eventualmente algumas licenças experimentais eram concedidas e
contactos bilaterais em 6 metros aconteciam já em 1947, mas
estes eram poucos e aconteciam uma vez ou outra, muito espaçados no
tempo. Os radioamadores do Pacifico tinham mais sorte pois a banda
de 6 metros estava quase totalmente liberada, apesar de Ter restrições
na Austrália de Nova Zelândia. O primeiro diploma de Todos os
Continentes Trabalhados foi conseguido pelo pessoal da Califórnia.
No período do pico de 1957-58 muitos radioamadores europeus já
estavam licenciados para os 6 metros, mas tínhamos poucos paises
representados. Esta situação perdurou algum tempo até o pico de
1979-1981, sendo que ainda nesta época a operação mais comum era
em banda cruzada , sendo ida e volta nos 6 metros bastante raro.
As
coisas tiveram grandes mudanças para melhor, nos anos 80,
favorecendo muito os europeus. Apesar da freqüência de 50 MHz não
estar alocada aos radioamadores pela ITU na Região 1(com exceção
de alguns poucos paises do sul da África), um esforço persistente
dos colega europeus durante a Conferencia Européia Postal e de
Administradores de Telecomunicação (CEPT) determinou o que hoje se
conhece como Alocação Comum Européia(ECA) da freqüência de
50-52 MHz em base secundária. Esta proposta tem sido aceita e
implementada por diversos países da Europa e as coisas podem ficar
ainda melhores. Uma nota de rodapé nas tabelas da ECA diz “A
administração da CEPT esta
fazendo todo o esforço para retirar a banda de 47-68 MHz do serviço
de rádios comerciais”. A única ameaça de restrição que fica
para a banda de 6 metros para os europeus seria então o risco de
ser requisitada para uso militar.
A
terceira contribuição para o sucesso do ciclo 23 é a grande
oferta de bons equipamentos no mundo interiro. Transceptores
multimodo que cobrem também os 6 metros antigamente eram muito
raros; hoje em dia são comuns. Quando os radioamadores
começam a reparar que os 6 metros estão abertos e ficam por
algum tempo em boas condições, literalmente uma avalanche de
colegas que nunca consideravam falar nesta faixa aparecem como que do nada. Eles descobrem
que é possível trabalha excelentes DX quase que sem antena
nenhuma. Não há duvida que os melhores contactos são conseguidos
por aqueles que estão melhores equipados e são os operadores mais
qualificados e experientes, mas existe espaço para todo o mundo.
Finalmente
também ajuda o fato de que o sistema de televisão atual esta muito
mais protegido de interferências e não são mais problema para os
radioamadores. A TV a cabo e por satélite reduziu grandemente os
nossos problemas com a interferência que muita vezes nos produzíamos
nas bandas laterais e que entravam no canal 2 de nossos vasinhos. O
que acontece hoje é
que temos um monte de interferências contra nós, mas a TVI pelo
menos esta controlada.
Como
estou escrevendo este artigo em finais de Fevereiro a fase boa esta
indo embora. Ainda ocorrem algumas pequenas aberturas, mas nada
comparado ao que acontecia nos meses de Novembro e Dezembro. Será
que vamos colocar a banda de 6 metros para dormir até que venha o
ciclo solar 24 ?
Se
isto acontecer será uma vergonha para os radioamadores. Esta banda
pode dar aberturas em qualquer tempo, mas nós nunca sabemos se
existe alguém escutando ou transmitindo naquele momento. Os
agradecimento vão para os operadores dos beacons e também para os
que regularmente estão na coruja, que nos intervalos de alta
atividade da banda mantém os 6 metros sempre aquecidos para
beneficio de todos os colegas.
David
Summer, K1ZZ em QST de Abril 2002
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Colaboração:
Rui C. Biscaia - PY5BS |
Tradução:
Rui C. Biscaia - PY5BS |
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